Porto Velho, quarta, 04 de dezembro de 2024

31/03/2023 . Palavra do Bispo

Domingo de Ramos e Paixão do Senhor

Domingo de Ramos e Paixão do Senhor

 

Irmãos e Irmãs,

Paz e Bem!

Chegamos ao final dessa grande peregrinação que é a Quaresma. Como o povo de Deus que fugindo da escravidão caminhou 40 anos pelo deserto em busca da Terra prometida, também nós caminhamos nesse grande retiro quaresmal fugindo da escravidão do pecado e em busca da liberdade dos filhos de Deus.

Hoje, no dia em que toda a Igreja celebra Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, damos início à semana maior, chamada Semana Santa. Para que essa não seja mais uma semana santa, devemos nos perguntar: Existe outra maneira de acolher e celebrar a Semana Santa que não seja reduzi-la à ideia de punição de um “Deus cruel e vingador” que exige o sacrifício cruento do Filho como pagamento pelos nossos pecados para nos redimir?

Eu acredito que sim! Outra Semana Santa é possível, urgente e legítima. Mas, para tanto, precisamos nos questionar sobre o que hoje, para nós cristãos do século XXI, compete fazer com criatividade, responsabilidade e liberdade? E, neste sentido, penso que a Campanha da Fraternidade nos ajuda a dar um novo sentido.

Essa é a terceira vez que a fome é tema da Campanha da Fraternidade tratado pela Igreja no Brasil. A primeira foi em 1975, com o lema Repartir o pão. A segunda foi em 1985, com o lema Pão para quem tem fome. E, agora, em 2023 com o lema Dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14,16).

Na sociedade humana a fome é o novo calvário onde milhares de outros cristos são diariamente crucificados. É uma tragédia, um escândalo e um contra testemunho! É a negação da própria existência. Como podemos admitir que pessoas, famílias e até comunidades inteiras passem fome? A Campanha da Fraternidade nos chama a refletir sobre a fome a partir da perspectiva cristã entendendo, sobretudo, que não existe fé sem obras e que qualquer discurso religioso sem uma prática de vida coerente torna-se estéril e vazio.

Com isso, não estou dizendo que as Vias-Sacras, as procissões da Semana Santa, as meditações das sete palavras, as horas santas perderam todo o seu valor. Mas, digo que é importante não reduzir o Mistério da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus à exigência de cumprir as práticas de piedade. Essas práticas se tornam vazias quando não entendemos a urgência da fome dos nossos irmãos e irmãs.

No texto-base da CF, traz um pensamento de São João Crisóstomo, que diz: “Muitos cristãos saem da igreja e contemplam fileiras de pobres que formam como muralhas em ambos os lados e passam longe, sem se comover, como se vissem colunas e não corpos humanos. Apertam o passo como se vissem estátuas sem alma em lugar de homens que respiram. E, depois de tamanha desumanidade, se atrevem a levantar as mãos ao céu e pedir a Deus misericórdia e perdão pelos seus pecados” (n. 148).

Não podemos ser assim! Como cristãos somos convocados a sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo.

Como nos falou o Papa Francisco, “todos os anos, no tempo da Quaresma, somos chamados por Deus a trilhar um caminho de verdadeira e sincera conversão. A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos e discípulas, para que partilhemos — do muito ou do pouco que temos — com os nossos irmãos que nem sequer tem com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos: ‘eu estava com fome, e me destes de comer… todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes’ (Mt 25,35.40)”.

Jesus encheu-se de compaixão e agiu para o bem de toda a multidão faminta. Sendo seus discípulos e discípulas de hoje, somos chamados a ter os mesmos sentimentos de Jesus, de compaixão em favor dos pobres e das pessoas que passam fome.

De forma especial, nesse Domingo de Ramos, acontece a coleta nacional da solidariedade, gesto concreto da campanha que convoca todas as comunidades do Brasil a se unirem num ato de profunda solidariedade e desprendimento. Os recursos arrecadados neste dia integram os Fundos Diocesanos e Nacional de Solidariedade que tem contribuído para a promoção da dignidade humana, o compromisso com os pobres e a vida plena.

Que nossa pequena contribuição possa ajudar a descer da cruz da fome tantos irmãos e irmãs. Que nesta Semana Santa possamos fazer a experiência de um Deus Pai que enviou seu Filho, para que possamos descobrir todo o amor que Ele tem por nós.

Obrigado, Pai, porque, mesmo quando respondemos a este amor com nossa rejeição, matando vosso Filho, Vós não nos abandonastes, mas prosseguistes com vosso plano de ser o nosso melhor amigo. Abrandai nossos corações para que saibamos responder ao vosso amor. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

 

Dom Roque Paloschi

 

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