Missa do Crisma / Santos Óleos
Meus irmãos no episcopado,
Caríssimos presbíteros,
Caros Diáconos, Seminaristas, Religiosos e Religiosas,
Querido Povo santo de Deus aqui reunido, particularmente vocês, aqui presentes na Catedral do Sagrado Coração de Jesus, representando nossas comunidades paroquiais espalhadas em toda a arquidiocese de Rondônia.
Meus irmãos e minhas irmãs que nos acompanham através das redes sociais,
Graça e Paz da parte de Jesus Cristo, Nosso Senhor!
Esta liturgia é um momento especial para toda a Igreja Universal. Celebramos a Santa Missa Crismal ou Missa dos Santos Óleos, onde vamos abençoar os santos óleos que serão usados nos sacramentos do batismo, crisma, ordem e unção dos enfermos.
Abençoamos os santos óleos para ungir o povo de Deus através dos sacramentos que são expressão da nossa fé que abraça o corpo e a alma, a pessoa inteira. Deus assume nossa carne, nossas fraquezas, nossas inseguranças e fragilidades físicas. Ele sabe que desejamos ser melhores, mas nossas forças às vezes não ajudam. Então, ele vem em nosso socorro como bom samaritano e derrama óleo sobre nossas feridas.
Consagraremos o Óleo dos Catecúmenos que são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças. O óleo é utilizado antes do rito da água e significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno para ajudá-lo no caminho de seguimento de Jesus Cristo.
Consagraremos o Óleo do Crisma que é uma mistura de óleo e bálsamo e significa a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo no mundo”. Este óleo será usado no sacramento da Crisma e no sacramento da Ordem.
E, por fim, consagraremos o Óleo dos Enfermos. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Pensemos na multidão das pessoas que sofrem: os famintos e os sedentos, as vítimas da violência em todos os continentes, os doentes com todos os seus sofrimentos, as suas esperanças e desânimos, os perseguidos e os humilhados. O óleo para a Unção dos Enfermos é expressão sacramental visível desta missão de cura da Igreja em seus ministros.
Abençoamos os santos óleos nesta Missa porque nela também comemoramos o dia do nascimento do sacerdócio que é a participação na missão do Messias, o ungido, Jesus Cristo. Como ouvimos na antífona de entrada: “Jesus Cristo fez de nós um reino de sacerdotes para Deus seu Pai. Louvor e glória a Cristo pelos séculos dos séculos. Amém”.
Assim, esta missa se constitui um forte momento de comunhão eclesial e expressa a comunhão diocesana em torno do Mistério Pascal de Cristo. Por isso, também podemos chamar esta celebração de Missa da Unidade, na qual os presbíteros renovam as promessas sacerdotais, feitas no dia da sua ordenação. Mas, sobretudo, renovam sua fé na certeza do chamado que receberam do Mestre Jesus.
Como diz o Papa Francisco para cada sacerdote: “A tarefa de ungir o povo fiel não é fácil, é dura; causa fadiga e leva-nos ao cansaço. E nós experimentamo-lo em todas as suas formas: desde o cansaço habitual do trabalho apostólico diário até ao da doença e da morte, incluindo o consumar-se no martírio. A nossa fadiga é preciosa aos olhos de Jesus, que nos acolhe e faz levantar o ânimo: ‘Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que eu vos aliviarei’ (Mt 11,28). Se uma pessoa sabe que, morta de cansaço, pode prostrar-se em adoração e dizer: ‘Senhor, por hoje basta!’, rendendo-se ao Pai, sabe também que, ao fazê-lo, não cai, mas se renova, pois o Senhor que ungiu com o óleo da alegria o povo fiel de Deus, também unge a ele: ‘Muda a sua cinza em coroa, o seu semblante triste em perfume de festa e o seu abatimento em cantos de festa’, como diz o profeta Isaias (Is 61,3)”.
Meus irmãos presbíteros, por bondade de Deus nós participamos do único sacerdócio de Cristo, participamos desta unção para libertar através da Palavra e da Eucaristia. Como Ele nos falou no Evangelho de São Lucas (4,16-21): “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu, para anunciar a boa nova aos pobres; Ele me enviou para restituir a vista aos cegos, libertar os cativos, proclamar um ano de graça do Senhor.”.
Ele é o enviado do Pai, mas Ele necessita de nós, sacerdotes, para completar a obra da redenção. É o próprio Jesus que nos unge para que tomemos parte de seu Sacerdócio e nos envia com a tarefa de anunciar a Boa Nova aos pobres. É Jesus que continua agindo entre nós e em nós, para que Sua potência divina, comunicada pela unção do seu Espírito, alcance com força salvadora o povo de Deus.
É Jesus que cura e liberta através de nossas mãos e de nossa vida, para sermos uma igreja profética no perdão e na reconciliação, no serviço e na denúncia de situações que destroem a dignidade da pessoa humana. E esta libertação se intensifica justamente com a eucaristia que é fonte de vida solidária, é fonte da qual surge a Igreja. Por isso, o sacerdote é o homem da Eucaristia. Esta Eucaristia que celebramos todos os dias no altar, para ser celebrada na vida, e celebramos na vida, para poder ser celebrada no altar. Não se pode separar a Eucaristia da vida.
Por tudo isso, com coragem e amor, confiantes que Deus é fiel e nos dá a graça da fidelidade, vamos, mais uma vez, renovar nossas promessas, conscientes de que o Senhor nos ungiu em Cristo com óleo da alegria. Vamos renovar o nosso amor por todos os seres humanos que nunca deve ser trocado ou diminuído pela ambição dos bens materiais. Vamos renová-las renunciando a nós mesmos e assumindo com alegria os deveres de nosso ministério que nos dá o privilégio e o desafio de sermos participantes do pastoreio do Bom Pastor Jesus, o Messias, o Ungido pelo Espírito do Pai.
Que Deus continue a abençoar a nossa Igreja de Rondônia para que na força do Espírito ela seja sinal do Reino. E que, renovados pela celebração da Páscoa do Senhor, sejamos por toda parte o cheiro bom do Cristo.
Dom Roque Paloschi
Bispo da Igreja que está em Porto Velho