Porto Velho, quinta, 26 de dezembro de 2024

29/11/2024 . Cartas Pastorais

CAMINHOS E HORIZONTES PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO DE PASTORAL ARQUIDIOCESANO – 2026-2029

 

CAMINHOS E HORIZONTES PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO DE  PASTORAL ARQUIDIOCESANO – 2026-2029 

Palavras-chave: Povo de Deus; sinodalidade; pluralismo; unidade; acolhida, IVC  (Iniciação à Vida Cristã); 

A nossa Igreja presente no chão amazônico de Porto Velho-RO deseja caminhar na  comunhão, participação e missão. Esse caminho com as nossas assembleias  arquidiocesanas tem recebido ricas colaborações, possibilitando as palavras chaves  dos caminhos que desejamos percorrer colegiadamente e sinodalmente. Por isso, o  momento é das nossas bases comunitárias e pastorais participarem, ampliando e  contribuindo com a construção dos horizontes. Os pilares da Palavra, do Pão Eucarístico  e da Caridade nos ajudam a realizar processos à luz do Espírito Santo. Assim o Papa  Francisco enfatiza que sem o protagonismo do Espírito Santo e a comunhão, os planos  pastorais não farão o Reino crescer: 

“O que faz crescer dentro o reino de Deus, não são os planos  

pastorais, as grandes coisas… O Espírito ‘faz crescer e quando chega  

o momento aparece o fruto’. Uma ação que escapa à plena  

compreensão: ‘Quem lançou a semente do reino de Deus no coração  

do bom ladrão? Talvez a mãe, quando lhe ensinou a rezar… Talvez um  

rabino, quando lhe explicava a lei…’. Sem dúvida, não obstante na vida  

ele se tenha esquecido dela, num certo momento aquela semente  

escondida foi feita crescer. Tudo isto acontece porque ‘o reino de Deus  

é sempre uma surpresa que vem’ como ‘dom do Senhor’ ” (Papa  

Francisco, homilia do dia 16 de novembro de 2017). 

Somos convidados a escutar o Espírito e os sinais dos tempos, para fazer do  nosso plano pastoral abertura ao crescimento do Reino. Abrir as portas e  percorrer esses caminhos, será a nossa Igreja para os próximos anos. Ela será  uma Igreja mais pastoral, mais sinodal, mais justa, mais aberta, segundo a linha  traçada pelo Concílio Vaticano II. Junto as alegrias e as dores do nosso povo  (GS1) e da nossa Casa Comum (LS 2). A proposta do planejamento acontecerá  com o entusiasmo do nosso pastor Dom Roque, valorizando a memória  eucarística, histórica, missionária:

  1. Orientações Gerais 

1.1 A partir da acolhida de Dom Roque na abertura da 28ª APA ocorrida nos dias  16 e 17 de novembro de 2024. 

Celebrar o centenário da Arquidiocese é resgatar a memória e a gratidão,  confirmando a ação providencial de Deus ao longo do caminho percorrido. E hoje somos  interpelados a proclamar a Eucaristia como o coração da vida eclesial (SC 10),  convidando a todos a refletirem sobre o futuro da Igreja na Amazônia como uma  comunidade viva, missionária e “em saída”. 

1.2 Igreja: Memória, Gratidão, Eucaristia e Missão 

Celebrar a história da salvação nos 100 anos da Arquidiocese é fazer a sua caminhada  histórica, destacando a memória como um ato de gratidão e louvor. Refletir sobre a  Eucaristia como fonte da vida cristã torna presente o mistério Pascal de Cristo. A  Eucaristia é a expressão máxima do amor redentor de Deus, alimenta a vida espiritual  da comunidade e impulsiona a oração a uma vivência mais profunda da comunhão  eclesial e da missão evangelizadora (Audiência do Papa Francisco sobre a Eucaristia  em 21/2/2018). Convocar a comunidade arquidiocesana a viver a missão com  compromisso e autenticidade, confirmando-a como um chamado divino que exige fé,  perseverança e uma entrega constante ao serviço do Reino de Deus. Este compromisso  deve refletir a coerência entre a fé professada e as ações realizadas, fortalecendo o  testemunho cristão e a caminhada comunitária. 

Por isso, caminhamos teologicamente com os nossos pés no chão e não sentados nos  gabinetes. A realidade e participação do nosso povo batizado é iluminada com a Escritura, Tradição e Magistério da Igreja. E para esse caminho apresentamos os  documentos da Igreja inspirados neste tripé: 

  1. Documentos da Igreja norteadores do nosso plano de pastoral Evangelii Gaudium (Papa Francisco): Inspirar uma Igreja “em saída”, que  alcance as periferias reais (físicas) e existenciais (humanas). 
  • Laudato Si’: Fortalecer o compromisso com a Casa Comum, a ecologia integral e a sustentabilidade nas práticas pastorais.
  • Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE):  Incorporar a missão e o serviço em comunhão, como eixos centrais do planejamento  pastoral. 
  • Documento de Santarém (1972; 2022). A Igreja presente na Amazônia em  comunhão com a universalidade eclesial, com o seu chão, com o seu povo e a sua  cultura. 
  • Encontro na Amazônia (Carta ao Povo de Deus – agosto/2024). A Igreja  sinodal que caminha como Povo de Deus nos passos amazônicos, fazendo a sua  construção na história. 
  1. Novas Diretrizes do Sínodo dos Bispos 2024 com a participação do laicato, para  a sinodalidade como modo de proceder eclesial. 
  • Priorizar uma Igreja Sinodal: participativa, dialogal e em comunhão com todas  as vocações e ministérios. 
  • Missão e Inclusão: Tornar-se uma Igreja samaritana e acolhedora, atenta às  dores dos crucificados de hoje. 
  • Discernimento Comunitário: Fortalecer processos de escuta e decisão  compartilhada. 

O centenário é feito de pessoas que caminham juntas ao longo da história, e com  a revelação da Trindade prossegue a sua resposta missionária evangelizadora: 

  1. Caminhos do Centenário 
  • Valorizar o centenário como um momento de renovação e compromisso com a  missão evangelizadora. 
  • Estabelecer ações que celebrem a história da Arquidiocese, promovam a  formação de lideranças e reforcem o compromisso preferencial com os pobres  e marginalizados. 

Os horizontes deste caminho foram contemplados pela metodologia da  sinodalidade, realizada na escuta do bispo, dos presbíteros, diáconos, religiosos (as) e  do laicato: 

  1. Horizontes da Escuta Sinodal – 2023/2024
  • Novos contextos históricos: Adaptar a missão da Igreja às realidades  contemporâneas, respondendo aos desafios do tempo presente. • Discernimento dos sinais dos tempos: Interpretar profundamente os desafios  atuais à luz da fé, compreendendo as necessidades espirituais e sociais de hoje. • Preservação da essência: Manter os ensinamentos fundamentais de Cristo,  com cautela diante das mudanças modernas. 
  • Referencial de vida e esperança: Fortalecer o papel da Igreja como um farol  de esperança e orientação espiritual para a sociedade. 
  • Igreja acolhedora: Valorizar a criação de uma comunidade inclusiva e receptiva,  que acolha a todos com respeito e empatia. 
  • Opção preferencial pelos jovens: Reafirmar a prioridade no acolhimento dos  jovens, buscando caminhos de aproximação que respondam aos desafios  próprios dessa fase da vida. 
  • Escuta ativa: Valorizar a escuta de todos os membros da comunidade como  base essencial para o processo sinodal, pastoral e missionário. • Formação de Grupos de Escuta – Estabelecer equipes dedicadas à escuta  ativa e ao acompanhamento pastoral próximo, fortalecendo os laços  comunitários. 
  • Caminhar Juntos – Ser uma Igreja viva e participativa, unida na jornada de fé e  comunhão. 
  • Harmonia Comunitária – Promover a convivência em sintonia com a Igreja e a  comunidade, incentivando o entendimento mútuo e a doação amorosa. • Qualificação das CEBs – Fortalecer as Comunidades Eclesiais de Base,  visando melhorar as condições de vida e promover transformações sociais  significativas. 
  • Catequese Evangelizadora Reformular e/ou adaptar os programas de  formação para promover uma abordagem, linguagem e ação mais inclusiva e  acolhedora. 
  • Educação Popular Retomar processos de educação popular, com presença  evangelizadora através de projetos e ações voltadas para uma educação  libertadora, emancipadora e plural na Amazônia.
  • Escola de Fé e Política Retomar e/ou reestabelecer cursos e/ou escolas de  Fé e Política, oferecendo suporte às linhas pastorais e abordando os desafios  socio eclesiais no contexto amazônico. 
  • Missão como Serviço – Entender a missão da Igreja como um serviço  comprometido com a humanidade e com a promoção da vida plena. • Democratização e Oportunidades – Facilitar o acesso e promover a igualdade  de oportunidades na participação eclesial e comunitária. 
  • Valorização das Mulheres Propor o debate sobre a inclusão das mulheres em  papéis de liderança e ministério dentro da Igreja. 
  • Protagonismo Social-Missionário – Incentivar a participação ativa dos leigos  na missão e na vida da Igreja, fortalecendo seu papel social e evangelizador. • Compromisso com a Transformação: Fomentar o compromisso com a justiça  social e a renovação do mundo à luz do Evangelho. 
  • Transformação Social – Atuar de forma contínua para enfrentar e modificar situações de pobreza, exclusão e restrição de direitos. 
  • Planejamento Pastoral – Desenvolver e implementar planos estratégicos para  a renovação pastoral e comunitária, visando uma Igreja mais dinâmica e próxima  das pessoas e da realidade. 
  • Renovação Doutrinal e Pastoral – Planejar mudanças significativas com base  em uma compreensão profunda da realidade e nas diretrizes da Igreja,  fortalecendo a fé e a missão pastoral. 

O prosseguimento dos horizontes e caminhos a serem percorridos e construídos, só  poderão acontecer com a reflexão e participação eclesial de todos nós. Assim, enviamos  perguntas norteadoras e motivadoras, apontadas na 28ª APA: 

  1. Que IGREJA queremos construir? 
  2. Queremos dar continuidade à IGREJA POVO DE DEUS, que vem se firmando  ao longo dos 100 anos, alimentada pela Palavra de Deus e Eucaristia? 3. Queremos ser a IGREJA DE JESUS, comprometida com a vontade de Deus  acima de agradar aos interesses humanos? 
  3. Queremos ser a IGREJA ACOLHEDORA, “em saída”, samaritana, amiga da  criação e comprometida com a vida dos crucificados de hoje?
  4. Queremos ser a IGREJA MINISTERIAL de Comunhão e Missão? 6. Qual é a MISSÃO da Igreja que queremos firmar na Amazônia, guiada  pelos valores do Reino de Deus?  
  5. De que forma estamos assumindo o CHAMADO a ser a Igreja de Cristo,  que busca cumprir a vontade de Deus acima das expectativas e convenções  humanas, e como isso reflete em nossa missão PROFÉTICA?  8. Quais são os passos necessários para vivermos plenamente como COMUNHÃO TRINITÁRIA?  
  6. Relacione LIVREMENTE outros assuntos que julgarem necessários. 

Apresentamos os passos e o calendário desse procedimento de sinodalidade,  para nossa Igreja de Porto Velho-RO preparar o seu Plano de Pastoral. Esse processo  sendo realizado de forma orgânica e ampla, visando o envolver, acompanhar, frutificar  e celebrar de todos (EG 24).  

Planejamento: Pistas de Ações 

1ª Fase Escuta Sinodal e envio das respostas em Maio de 2025. E para esse processo solicitamos: 

  • Mobilizar todas as comunidades, pastorais, serviços, ministérios e movimentos  para responder às perguntas orientadoras. 
  • Promover encontros paroquiais com as pastorais, serviços, ministérios,  movimento e outros para reflexão comunitária. 
  • Envolver as pessoas de outra religião ou de boa vontade, que possuam  esclarecimento de uma sociedade mais humanizada, fraterna e solidária. Utilizar plataformas digitais para escuta sinodal, ampliando a participação. 

2ª Fase: Análise e Síntese da Escuta Sinodal de Junho a Agosto de 2025. Sistematizar as respostas coletadas em cada paróquia e vicariato. Formar comissões para análise dos dados sob a luz dos documentos da Igreja  e do Sínodo 2024. 

  • Reunir os CPRs para compartilhar e complementar a construção coletiva.

3ª Fase: Consolidação da Síntese – Texto preliminar em Setembro de 2025. Consolidar as reflexões em um documento preliminar do Plano de Pastoral. Compartilhar as prioridades pastorais e os horizontes missionários com o bispo,  presbitério, diáconos, lideranças e agentes de pastorais na semana formativa. Refletir e amadurecer o texto preliminar, para aprovação. 

4ª Fase: Apresentação e aprovação do Plano na 29ª APA em Novembro de 2025. Apresentação e aprovação do Plano de Pastoral Arquidiocesano 2025-2029 na  29ª Assembleia Pastoral Arquidiocesana. 

  • Realizações de celebrações de envio, para marcar o início dos processos das  ações pastorais renovadas. 

E por fim, sugerimos textos bíblicos para auxiliar na oração desse caminho de horizonte  pastoral, que queremos construir juntos com a força do Espírito Santo: Fundamentação Bíblica e Espiritual  

  • Lc 24,13-35 (Os Discípulos de Emaús): Caminhar juntos, escutando e  discernindo a presença do Ressuscitado. 
  • Jo 10,10 (Vida em Abundância): Ser uma Igreja que promove vida plena em  comunhão e serviço. 
  • Jo 20,1-2 – “A busca pelo Senhor”: Ser uma Igreja da Esperança Mesmo em tempos de incerteza e aparente ausência, somos chamados a permanecer firmes na oração e na comunhão, alimentando nossa  espiritualidade. 
  • At 2,42-47 (Comunidade Cristã Primitiva): Testemunhar a fé por meio  da comunhão, partilha e missão.

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