Porto Velho, 25 de Dezembro de 2024
Natal do Senhor
“Ó Emanuel: Deus-conosco, ó Rei Legislador, esperança de todas as nações, desejado de todos corações, és dos pobres maior libertador, finalmente salvar-nos vem, Senhor, ó Deus nosso, ouve as nossas rogações”.
(Antífonas do Ó)
Queridos irmãos e irmãs,
Graça e Paz!
A antífona do Ó com a qual iniciei esta mensagem, expressa a admiração de Maria, de José, de Zacarias, dos pastores, dos Magos, de Simeão e Ana, da Criação e de todos nós que, com espanto contemplamos o Mistério da Encarnação do Filho de Deus.
Na plenitude dos tempos, Deus cumpriu sua promessa e enviou seu Filho, com o nome de Jesus, palavra que quer dizer “Deus liberta e salva o seu povo”. Jesus é o Deus-conosco por sua presença e proximidade para com os pobres e por sua preocupação em derrubar todas as barreiras e discriminação. Jesus consagrou suas energias para firmar o Reino de Deus, seu sonho e sua mais profunda utopia (Mc 1,15). Tornar o Reino de paz, de justiça e de amor presente em nossa terra foi a essência de sua missão (Mt 6,33). Portanto, quando somos construtores da paz damos glória a Deus com nossas vidas, porque a paz e a justiça na Terra é o reflexo da glória de Deus e fruto da vivência do amor, como Jesus nos ensinou.
Há, no entanto, um desafio constante para os que se empenham em promover a paz, pois a miséria e a violência marcam a história da humanidade. A miséria tem sua fonte no egoísmo que gera a cobiça doentia, causando a desordenada concentração de riquezas nas mãos de uma minoria e relegando à condição de excluídos contingentes cada vez maiores da humanidade. A injusta distribuição de bens, com a inaceitável desigualdade social, questiona nossa consciência. Outro fator que asfixia a vida humana é a série de agressões aos povos originários e ao planeta, o racismo, o feminicídio, a corrupção e também as terríveis guerras, cuja origem é o ódio, que causa a destruição e a morte e difunde um ambiente de medo e de insegurança na sociedade. Como ter paz quando tantos irmãos e irmãs sofrem assim?
O Papa Francisco já nos recordava que:
“Só conhece verdadeiramente a Deus quem acolhe o pobre que vem de baixo com a sua miséria e que, precisamente nestas vestes, é enviado do Alto; não podemos ver o rosto de Deus, mas podemos experimentá-lo ao olhar para nós quando honramos o rosto do próximo, do outro que nos ocupa com as suas necessidades”.
A celebração do Natal convida-nos a renovar o dinamismo da partilha e do perdão, da confiança e da esperança. Isso vale para os gestos pessoais de auxílio com atenção prioritária aos mais necessitados e o empenho para a reconciliação no seio das famílias, esquecendo mágoas e ressentimentos. Como dizia Dom Luciano Mendes:
“Como seria bom que a tradição de dar e receber presentes na noite de Natal se transformasse na iniciativa diferente de atender em primeiro lugar aos mais necessitados com alimento, roupas, remédios e instrumentos de trabalho e outros benefícios. É feliz o Natal de quem faz os outros felizes!”.
Na espera amorosa do novo Natal do Senhor, contemplando nos braços de Maria, Jesus, o Filho de Deus, que se identifica com os pequenos e pobres, há de crescer em nós a força e a alegria do amor. Celebremos a libertação que vem chegando e supliquemos ao Sol da Justiça que venha salvar a humanidade frágil, que ponha fim às guerras e que na comunhão com todos os povos e em sintonia com o universo em dores de parto à espera da redenção (Rm 8,22-23), possa nascer o bem viver da convivência humana e da solidariedade.
Feliz e Santo Natal!
Com minhas bênçãos,
Dom Roque Paloschi