Entre os dias 11 e 13 de março de 2025, no Centro Arquidiocesano Pastoral (CAP), em Porto Velho, ocorreu o ‘Encontro de Escuta dos Povos’, que reuniu representantes de comunidades tradicionais, migrantes e refugiados, do grupo LGBTQI+, do Movimento dos Pequenos Agricultores, de pessoas em situação de vulnerabilidade de rua, da Comissão Pastoral da Terra, da Pastoral Indigenista, do Conselho Indigenista Missionário, da Cáritas Arquidiocesana e da Cáritas Brasileira Regional Noroeste, do Serviço de Pastoral ao Migrante, além de indígenas. O objetivo foi aprofundar o processo de escuta entre os povos indígenas e a diversidade.
O encontro abordou uma série de questões, com destaque para os desafios enfrentados pelas comunidades em relação às mudanças climáticas e suas causas socioambientais. Os participantes analisaram a conjuntura sociopolítica e ambiental, destacando como esses fatores afetam diretamente a vida das populações vulneráveis. Também foram debatidas práticas sustentáveis, formas de resistência nos territórios indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais e urbanas, além da preocupação com as negociações da COP-30.
Entre os presentes, Osana, Cacique da Aldeia Aperoi, destacou:
“Foi um encontro de grande valia, onde foi esclarecido sobre nossos direitos, que estão sendo violados em tudo e por tudo, na saúde, educação e na demarcação dos terrtórios”.
Ela também ressaltou a importância da Igreja Católica em caminhar junto na luta pelos direitos indígenas:
“A Igreja Católica é muito importante para nós. Sabíamos que éramos indígenas, mas não sabíamos como buscar nossos direitos”.
A jovem Maria Luza, de 16 anos, representando o povo quilombola do Forte Príncipe da Beira, também enfatizou a relevância do encontro:
“Esse encontro é mais que necessário para que o ‘homem branco’ veja nossa realidade dentro do nosso território, que ele perceba que não só ele, mas nós também temos o direito de viver e de estar dentro do nosso território”.
Luciomar, integrante da coordenação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), destacou a importância da Igreja em ouvir os clamores dos povos:
“Isso é uma prova de que as comunidades tradicionais estão pedindo socorro, precisam ser ouvidas”.
Ele também alertou para a perda de territórios e seus impactos:
“A produção não existe mais, as castanheiras não produzem como antes, o açaí não dá mais. Ouvi relatos de pessoas que sobreviviam da coleta e hoje não conseguem mais, comunidades inteiras estão sofrendo por isso”.
Por fim, foi reiterada a necessidade urgente de demarcação de terras indígenas e quilombolas, a garantia de moradia digna, a melhoria da assistência social e a promoção de cursos de reciclagem para pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente para aquelas em situação de rua. Os povos indígenas, comunidades tradicionais e movimentos sociais reafirmaram seu compromisso com a defesa da vida e da natureza, chamando toda a sociedade para a construção de um futuro mais justo e sustentável