LANÇAMENTO DO LIVRO DE CANTOS DA DIOCESE DE PORTO VELHO-RO
Irmãos e irmãs, Graça e paz!
É uma alegria podermos nos reunir aqui para este momento importante em nossa caminhada litúrgico-pastoral, que é o lançamento do Livro de Cantos da Diocese de Porto Velho.
A Constituição Sacrosanctum Concilium, afirma que: “Os cânticos populares religiosos devem ser cultivados, de modo que nas manifestações de piedade, e mesmo nas ações litúrgicas, de acordo com as normas e exigências rituais, se possa ouvir a voz do povo”[1].
Também, no Doc. da CNBB sobre a Pastoral da música litúrgica no Brasil, encontramos a seguinte frase: “O canto é uma das expressões mais profundas e autênticas da liturgia”[2].
Na dimensão antropológica, o canto e a música marcam nossos momentos celebrativos, sejam eles de alegria ou de dor. E, todos nós sabemos que a música é uma maneira de rezar, com força suficiente para envolver a todos num mesmo sentir, abrindo-nos à comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs; e é por isso que ela é parte integrante de toda celebração, como nos ensina o pensamento conciliar da Igreja.
Na liturgia, o canto não é algo secundário. Não se canta por cantar, nem para encher espaços vazios na celebração. Também não se canta por ser o canto bonito, nem para tornar a celebração mais agradável. Na liturgia, o canto possibilita a participação pessoal e comunitária dos fiéis, cria comunhão e gera comunidade, favorecendo a unidade da assembleia celebrante e a sintonia das pessoas com o mistério celebrado. Por isso é que se diz que não se canta na liturgia, mas se canta a liturgia.
Santo Agostinho, que foi um dos grandes incentivadores do canto nos primeiros séculos da Igreja, tem uma frase que diz: “Se queres saber o que cremos, vem ouvir o que cantamos”. É muito comprometedora essa frase, vocês não acham? Faz-nos perguntar se aquilo que cantamos é coerente com a fé que professamos. E é pensando nisso que encontramos razões mais que suficientes para elaborar um livro de cantos com canções litúrgico-pastorais para o povo de Deus.
Desejamos com este hinário, poder colaborar um pouco mais com aquilo que nos pede o Concílio Vaticano II: promover a participação ativa, plena e consciente de todo o povo nas celebrações, pois, é todo o povo que deve cantar, aclamar e responder (SC, n. 30).
Dizem os entendidos de música que, quem canta sai de seu isolamento interior e se coloca em atitude de escuta e de comunicação, renunciando a seu próprio tom de voz e ao próprio ritmo em favor da unidade do canto. Então, podemos afirmar que cantar em comum é um exercício de sinodalidade.
Por fim, como diz o ditado popular: “Quem canta os males espanta”, faço votos de que este Livro de Cantos possa nos ajudar a espantar toda forma de isolamento, divisão ou separação. Que ele sirva, não apenas para sintonizar nossas vozes, mas também para unir os corações, expressando a mesma fé e fortalecendo a fraternidade e o amor.
[1] Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, n. 112, p. 169.
[2] Cf. Pastoral da música litúrgica no Brasil. Documento da CNBB, n. 7. 2ª ed., São Paulo, Paulinas, 2000, n. 2.1.1, pp. 18-19.