CAMINHOS E HORIZONTES PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO DE PASTORAL ARQUIDIOCESANO – 2026-2029
Palavras-chave: Povo de Deus; sinodalidade; pluralismo; unidade; acolhida, IVC (Iniciação à Vida Cristã);
A nossa Igreja presente no chão amazônico de Porto Velho-RO deseja caminhar na comunhão, participação e missão. Esse caminho com as nossas assembleias arquidiocesanas tem recebido ricas colaborações, possibilitando as palavras chaves dos caminhos que desejamos percorrer colegiadamente e sinodalmente. Por isso, o momento é das nossas bases comunitárias e pastorais participarem, ampliando e contribuindo com a construção dos horizontes. Os pilares da Palavra, do Pão Eucarístico e da Caridade nos ajudam a realizar processos à luz do Espírito Santo. Assim o Papa Francisco enfatiza que sem o protagonismo do Espírito Santo e a comunhão, os planos pastorais não farão o Reino crescer:
“O que faz crescer dentro o reino de Deus, não são os planos
pastorais, as grandes coisas… O Espírito ‘faz crescer e quando chega
o momento aparece o fruto’. Uma ação que escapa à plena
compreensão: ‘Quem lançou a semente do reino de Deus no coração
do bom ladrão? Talvez a mãe, quando lhe ensinou a rezar… Talvez um
rabino, quando lhe explicava a lei…’. Sem dúvida, não obstante na vida
ele se tenha esquecido dela, num certo momento aquela semente
escondida foi feita crescer. Tudo isto acontece porque ‘o reino de Deus
é sempre uma surpresa que vem’ como ‘dom do Senhor’ ” (Papa
Francisco, homilia do dia 16 de novembro de 2017).
Somos convidados a escutar o Espírito e os sinais dos tempos, para fazer do nosso plano pastoral abertura ao crescimento do Reino. Abrir as portas e percorrer esses caminhos, será a nossa Igreja para os próximos anos. Ela será uma Igreja mais pastoral, mais sinodal, mais justa, mais aberta, segundo a linha traçada pelo Concílio Vaticano II. Junto as alegrias e as dores do nosso povo (GS1) e da nossa Casa Comum (LS 2). A proposta do planejamento acontecerá com o entusiasmo do nosso pastor Dom Roque, valorizando a memória eucarística, histórica, missionária:
- Orientações Gerais
1.1 A partir da acolhida de Dom Roque na abertura da 28ª APA ocorrida nos dias 16 e 17 de novembro de 2024.
Celebrar o centenário da Arquidiocese é resgatar a memória e a gratidão, confirmando a ação providencial de Deus ao longo do caminho percorrido. E hoje somos interpelados a proclamar a Eucaristia como o coração da vida eclesial (SC 10), convidando a todos a refletirem sobre o futuro da Igreja na Amazônia como uma comunidade viva, missionária e “em saída”.
1.2 Igreja: Memória, Gratidão, Eucaristia e Missão
Celebrar a história da salvação nos 100 anos da Arquidiocese é fazer a sua caminhada histórica, destacando a memória como um ato de gratidão e louvor. Refletir sobre a Eucaristia como fonte da vida cristã torna presente o mistério Pascal de Cristo. A Eucaristia é a expressão máxima do amor redentor de Deus, alimenta a vida espiritual da comunidade e impulsiona a oração a uma vivência mais profunda da comunhão eclesial e da missão evangelizadora (Audiência do Papa Francisco sobre a Eucaristia em 21/2/2018). Convocar a comunidade arquidiocesana a viver a missão com compromisso e autenticidade, confirmando-a como um chamado divino que exige fé, perseverança e uma entrega constante ao serviço do Reino de Deus. Este compromisso deve refletir a coerência entre a fé professada e as ações realizadas, fortalecendo o testemunho cristão e a caminhada comunitária.
Por isso, caminhamos teologicamente com os nossos pés no chão e não sentados nos gabinetes. A realidade e participação do nosso povo batizado é iluminada com a Escritura, Tradição e Magistério da Igreja. E para esse caminho apresentamos os documentos da Igreja inspirados neste tripé:
- Documentos da Igreja norteadores do nosso plano de pastoral • Evangelii Gaudium (Papa Francisco): Inspirar uma Igreja “em saída”, que alcance as periferias reais (físicas) e existenciais (humanas).
- Laudato Si’: Fortalecer o compromisso com a Casa Comum, a ecologia integral e a sustentabilidade nas práticas pastorais.
- Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE): Incorporar a missão e o serviço em comunhão, como eixos centrais do planejamento pastoral.
- Documento de Santarém (1972; 2022). A Igreja presente na Amazônia em comunhão com a universalidade eclesial, com o seu chão, com o seu povo e a sua cultura.
- Encontro na Amazônia (Carta ao Povo de Deus – agosto/2024). A Igreja sinodal que caminha como Povo de Deus nos passos amazônicos, fazendo a sua construção na história.
- Novas Diretrizes do Sínodo dos Bispos 2024 com a participação do laicato, para a sinodalidade como modo de proceder eclesial.
- Priorizar uma Igreja Sinodal: participativa, dialogal e em comunhão com todas as vocações e ministérios.
- Missão e Inclusão: Tornar-se uma Igreja samaritana e acolhedora, atenta às dores dos crucificados de hoje.
- Discernimento Comunitário: Fortalecer processos de escuta e decisão compartilhada.
O centenário é feito de pessoas que caminham juntas ao longo da história, e com a revelação da Trindade prossegue a sua resposta missionária evangelizadora:
- Caminhos do Centenário
- Valorizar o centenário como um momento de renovação e compromisso com a missão evangelizadora.
- Estabelecer ações que celebrem a história da Arquidiocese, promovam a formação de lideranças e reforcem o compromisso preferencial com os pobres e marginalizados.
Os horizontes deste caminho foram contemplados pela metodologia da sinodalidade, realizada na escuta do bispo, dos presbíteros, diáconos, religiosos (as) e do laicato:
- Horizontes da Escuta Sinodal – 2023/2024
- Novos contextos históricos: Adaptar a missão da Igreja às realidades contemporâneas, respondendo aos desafios do tempo presente. • Discernimento dos sinais dos tempos: Interpretar profundamente os desafios atuais à luz da fé, compreendendo as necessidades espirituais e sociais de hoje. • Preservação da essência: Manter os ensinamentos fundamentais de Cristo, com cautela diante das mudanças modernas.
- Referencial de vida e esperança: Fortalecer o papel da Igreja como um farol de esperança e orientação espiritual para a sociedade.
- Igreja acolhedora: Valorizar a criação de uma comunidade inclusiva e receptiva, que acolha a todos com respeito e empatia.
- Opção preferencial pelos jovens: Reafirmar a prioridade no acolhimento dos jovens, buscando caminhos de aproximação que respondam aos desafios próprios dessa fase da vida.
- Escuta ativa: Valorizar a escuta de todos os membros da comunidade como base essencial para o processo sinodal, pastoral e missionário. • Formação de Grupos de Escuta – Estabelecer equipes dedicadas à escuta ativa e ao acompanhamento pastoral próximo, fortalecendo os laços comunitários.
- Caminhar Juntos – Ser uma Igreja viva e participativa, unida na jornada de fé e comunhão.
- Harmonia Comunitária – Promover a convivência em sintonia com a Igreja e a comunidade, incentivando o entendimento mútuo e a doação amorosa. • Qualificação das CEBs – Fortalecer as Comunidades Eclesiais de Base, visando melhorar as condições de vida e promover transformações sociais significativas.
- Catequese Evangelizadora – Reformular e/ou adaptar os programas de formação para promover uma abordagem, linguagem e ação mais inclusiva e acolhedora.
- Educação Popular – Retomar processos de educação popular, com presença evangelizadora através de projetos e ações voltadas para uma educação libertadora, emancipadora e plural na Amazônia.
- Escola de Fé e Política – Retomar e/ou reestabelecer cursos e/ou escolas de Fé e Política, oferecendo suporte às linhas pastorais e abordando os desafios socio eclesiais no contexto amazônico.
- Missão como Serviço – Entender a missão da Igreja como um serviço comprometido com a humanidade e com a promoção da vida plena. • Democratização e Oportunidades – Facilitar o acesso e promover a igualdade de oportunidades na participação eclesial e comunitária.
- Valorização das Mulheres – Propor o debate sobre a inclusão das mulheres em papéis de liderança e ministério dentro da Igreja.
- Protagonismo Social-Missionário – Incentivar a participação ativa dos leigos na missão e na vida da Igreja, fortalecendo seu papel social e evangelizador. • Compromisso com a Transformação: Fomentar o compromisso com a justiça social e a renovação do mundo à luz do Evangelho.
- Transformação Social – Atuar de forma contínua para enfrentar e modificar situações de pobreza, exclusão e restrição de direitos.
- Planejamento Pastoral – Desenvolver e implementar planos estratégicos para a renovação pastoral e comunitária, visando uma Igreja mais dinâmica e próxima das pessoas e da realidade.
- Renovação Doutrinal e Pastoral – Planejar mudanças significativas com base em uma compreensão profunda da realidade e nas diretrizes da Igreja, fortalecendo a fé e a missão pastoral.
O prosseguimento dos horizontes e caminhos a serem percorridos e construídos, só poderão acontecer com a reflexão e participação eclesial de todos nós. Assim, enviamos perguntas norteadoras e motivadoras, apontadas na 28ª APA:
- Que IGREJA queremos construir?
- Queremos dar continuidade à IGREJA POVO DE DEUS, que vem se firmando ao longo dos 100 anos, alimentada pela Palavra de Deus e Eucaristia? 3. Queremos ser a IGREJA DE JESUS, comprometida com a vontade de Deus acima de agradar aos interesses humanos?
- Queremos ser a IGREJA ACOLHEDORA, “em saída”, samaritana, amiga da criação e comprometida com a vida dos crucificados de hoje?
- Queremos ser a IGREJA MINISTERIAL de Comunhão e Missão? 6. Qual é a MISSÃO da Igreja que queremos firmar na Amazônia, guiada pelos valores do Reino de Deus?
- De que forma estamos assumindo o CHAMADO a ser a Igreja de Cristo, que busca cumprir a vontade de Deus acima das expectativas e convenções humanas, e como isso reflete em nossa missão PROFÉTICA? 8. Quais são os passos necessários para vivermos plenamente como COMUNHÃO TRINITÁRIA?
- Relacione LIVREMENTE outros assuntos que julgarem necessários.
Apresentamos os passos e o calendário desse procedimento de sinodalidade, para nossa Igreja de Porto Velho-RO preparar o seu Plano de Pastoral. Esse processo sendo realizado de forma orgânica e ampla, visando o envolver, acompanhar, frutificar e celebrar de todos (EG 24).
Planejamento: Pistas de Ações
1ª Fase Escuta Sinodal e envio das respostas em Maio de 2025. E para esse processo solicitamos:
- Mobilizar todas as comunidades, pastorais, serviços, ministérios e movimentos para responder às perguntas orientadoras.
- Promover encontros paroquiais com as pastorais, serviços, ministérios, movimento e outros para reflexão comunitária.
- Envolver as pessoas de outra religião ou de boa vontade, que possuam esclarecimento de uma sociedade mais humanizada, fraterna e solidária. • Utilizar plataformas digitais para escuta sinodal, ampliando a participação.
2ª Fase: Análise e Síntese da Escuta Sinodal de Junho a Agosto de 2025. • Sistematizar as respostas coletadas em cada paróquia e vicariato. • Formar comissões para análise dos dados sob a luz dos documentos da Igreja e do Sínodo 2024.
- Reunir os CPRs para compartilhar e complementar a construção coletiva.
3ª Fase: Consolidação da Síntese – Texto preliminar em Setembro de 2025. • Consolidar as reflexões em um documento preliminar do Plano de Pastoral. • Compartilhar as prioridades pastorais e os horizontes missionários com o bispo, presbitério, diáconos, lideranças e agentes de pastorais na semana formativa. • Refletir e amadurecer o texto preliminar, para aprovação.
4ª Fase: Apresentação e aprovação do Plano na 29ª APA em Novembro de 2025. • Apresentação e aprovação do Plano de Pastoral Arquidiocesano 2025-2029 na 29ª Assembleia Pastoral Arquidiocesana.
- Realizações de celebrações de envio, para marcar o início dos processos das ações pastorais renovadas.
E por fim, sugerimos textos bíblicos para auxiliar na oração desse caminho de horizonte pastoral, que queremos construir juntos com a força do Espírito Santo: Fundamentação Bíblica e Espiritual
- Lc 24,13-35 (Os Discípulos de Emaús): Caminhar juntos, escutando e discernindo a presença do Ressuscitado.
- Jo 10,10 (Vida em Abundância): Ser uma Igreja que promove vida plena em comunhão e serviço.
- Jo 20,1-2 – “A busca pelo Senhor”: Ser uma Igreja da Esperança Mesmo em tempos de incerteza e aparente ausência, somos chamados a permanecer firmes na oração e na comunhão, alimentando nossa espiritualidade.
- At 2,42-47 (Comunidade Cristã Primitiva): Testemunhar a fé por meio da comunhão, partilha e missão.