Porto Velho, domingo, 22 de dezembro de 2024

03/04/2023 . Notícias da Arquidiocese

Igreja de Porto Velho realiza Escuta Sinodal com os povos da Amazônia, com Pastorais e Movimentos Sociais Populares.

O Encontro faz parte do caminho do processo da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (Sínodo 2021-2024), que tem como tema: Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão. Convocado pelo Papa Francisco, pela primeira vez em nossa história, todo o Povo de Deus participa diretamente de um sínodo, afinal “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio” (Sínodo 2023, Documento preparatório).

O encontro promovido com apoio da Igreja Particular de Porto Velho, entre os dias 24, 25 e 26 de março de 2023, já é a terceira Escuta sinodal realizada com lideranças indígenas, quilombolas, camponeses, ribeirinhos e migrantes, com intuito de promover reflexões e perspectivas de ações em defesa da Amazônia.

Assim, como nas etapas paroquiais, durante os encontros, foi possível tecer algumas propostas e indicações sobre a preparação da síntese diocesana, contudo destacando um olhar mais aprofundado quanto as reflexões e perspectivas de ações em defesa da Amazônia, sendo este o ponto que mais o diferencia das atividades paroquiais.

A atividade que fortalece os “organismos de comunhão com os povos da floresta”, contou com a participação de representantes da Caritas, dos Povos Indígenas: Warao, Karitiana, Migueleno, Puruborá, Mamainde, Karipuna, Guarasugwe, Tupinambá, Tupari, Macurap, Kassupá, Kaxarari, Kujubin, Arara, Paumari, Oro Mon, Canoé; da CPT – Comissão Pastoral da Terra, da Pastoral Indigenista, do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, Seringueiros, do SPM – Serviço Pastoral do Migrante, da Rede Grito pela Vida, do Opiroma – Organização dos Povos Indígenas de Rondônia e Noroeste do Mato Grosso,  do Quilombo Forte Príncipe da Beira, do MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores, da Arquidiocese de Porto Velho.

Ao final do encontro, foi redigida e assinada uma Carta Final, disponibilizada abaixo, onde os presentes conclamam todo povo a estarem mobilizadas e presentes nos processos de construção das atividades, articulações e das lutas em defesa de nossa casa comum.

 

Veja a carta na íntegra:

 

Carta as Pastorais e Movimentos Sociais Populares dos participantes da Escuta Sinodal, Reflexões e Perspectivas de Ações em Defesa da Amazônia.

“Por uma Igreja sinodal, comunhão, participação e missão” Porto Velho -RO, dias 24, 25 e 26 de março de 2023.

 

Imbuídos de um esperançar, após um processo eleitoral carregado de muita tensão e hostilidade, mentiras e cooptação. Sai vitoriosa, para a presidência do país, a possibilidade de reconstrução da participação social e de retomada de direitos. Aqui estamos, sobreviventes e resistentes, somos Indígenas, Quilombolas, seringueiros/as, Camponesas/es, Migrantes, Ribeirinhos. ‘Somos Povos da Amazônia’!

Apontamos nesta escuta sinodal as seguintes compreensões:

  1. Entendemos que segue em curso a expansão do agronegócio (soja, veneno), mineração e hidroelétricas, para cima de nossos territórios, unidades de conservação, e vidas: a exemplo do que vive a Terra indígena Karipuna, que está na quarta posição de terra indígena mais desmatada do país, e atualmente sofre com enchentes por consequência da construção do Complexo do Madeira, assim também como a terra indígena Rio Negro Ocaia e Rio Branco (atingida por PCH em Alta Floresta do Oeste).
  2. Há uma expansão do capital, planejada e incentivada pelo estado denominada de Zona de Desenvolvimento Sustentável – AMACRO (contempla norte de Rondônia, Sul Amazonas e boa parte do Acre), esta frente sobrepõem Território Indígenas, camponeses, unidades de conservação, Ribeirinhas e Povos Indígenas Agravando fortemente a situação das Crises Climáticas, Sanitárias, Ambiental e Social.
  3. Existem narrativas construídas, e especialmente difundidas nas redes sociais, baseadas em mentiras e que mobilizam boa parte da sociedade a pensar e agir contra os povos, pessoas e organizações que defendem um projeto de transformação social, e a dignidade e defesa dos territórios indígenas, quilombolas, ribeirinhos, seringueiros e camponeses;
  4. Sofremos retrocessos profundos em nossos direitos sociais, como saúde educação, moradia, direito à alimentação, seguridade e geração de empregos com direitos trabalhistas;
  5. O armamento da população, conjugadas as narrativas de ódio e mentiras, conformam um ambiente hostil;
  6. Percebemos várias estratégias de desmobilização das comunidades, sendo uma delas forçar o deslocamento para a cidade dos povos do campo, das águas e das florestas, na busca de tratamento médico, de acesso à educação; também a criminalização da espiritualidade e a Cultura dos povos originários, desvalorizando suas práticas e impondo outras espiritualidades, dividindo comunidades inteiras;

 

Diante desta realidade apontamos a necessidade:

  1. Da urgência do Processo de demarcação dos Territórios Indígenas (Puruborá, Wajuru, Guarasugwe, Kujubim, Kassupá, Migueleno e Karitiana) e a regularização dos Territórios Quilombolas.
  2. Da regularização de Terras, através da Reforma Agrária Popular;
  3. Precisamos combater as narrativas mentirosas construídas contra lideranças e organizações do campo popular;
  4. Temos que reconstruir a organização de nossas comunidades e movimentos sociais pela causa popular, e organizar processos de luta de reconquistas de direitos sociais perdidos, como acesso à saúde, a educação de qualidade e contextualizada, a moradia digna, acesso e permanência na terra, de viver sua identidade, seja de gênero, cultura ou posição política;
  5. É preciso unificar as vozes que denunciam e anunciam;
  6. Promover o cuidado que ainda temos como (territórios, alimentos, medicina tradicional, diversidade de espiritualidade, os conhecimentos material e imaterial) e das vidas dos povos;

 

Na certeza que é possível essa construção, e a articulação das forças sociais, cabe a cada um e cada uma, zelar por essa construção. A semente foi lançada. Somos convidados a regar, adubar, cultivar, reproduzir, cotidianamente, para colhermos os frutos.

Motivados pelo Sínodo ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, vamos na busca do bem viver. Por essa razão, CONCLAMAMOS os Movimentos, Pastorais Sociais e Comunidades a estarem mobilizadas e presentes nos processos de construção das atividades, articulações e das lutas em defesa de nossa casa comum Amazônia.

 

Assinam a presente:

Caritas, Povos Indígenas: Warao, Karitiana, Migueleno, Puruborá, Mamainde, Karipuna, Guarasugwe, Tupinambá, Tupari, Macurap, Kassupá, Kaxarari, Kujubin, Arara, Paumari, Oro Mon, Canoé; CPT – Comissão Pastoral da Terra, Pastoral Indigenista, CIMI – Conselho Indigenista Missionário, Seringueiros, SPM – Serviço Pastoral do Migrante, Rede Grito pela Vida, Opiroma – Organização dos Povos Indígenas de Rondônia e Noroeste do Mato Grosso, Quilombo Forte Príncipe da Beira, MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores, Arquidiocese de Porto Velho.

 

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