Porto Velho, 22 de agosto de 2024
“Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca” (Sl 34,2).
Estimados irmãos e irmãs,
Paz e Bem
Caminhamos para o final do mês vocacional de 2024. Desde 1981, oficialmente em nível nacional, agosto foi instituído o mês vocacional. A cada ano, neste mês, a Igreja quer ajudar a criar nos cristãos o espírito de vivência de sua vocação e retomar a ideia de que formamos uma Igreja Povo de Deus a serviço da vida.
Esta é a oportunidade para aprofundar o tema da vocação e fazer com que todos os batizados e batizadas relembrem de sua missão no mundo: operários da messe, ajudando a construir uma sociedade melhor, mais justa e cheia de vida. Seria bom se esse ideal fosse lembrado em todos os momentos e reassumido por todo o povo de Deus e não apenas em um mês do ano, afinal, o seguimento é cotidiano, a messe está sempre em nossa frente, o chamado a trabalhar é constante.
Vocação é fazer a diferença no mundo! Pelo batismo, o cristão é chamado a seguir Jesus Cristo, imitando sua vida e seguindo seus ensinamentos, vivendo unido a Deus como filhos e filhas e aos outros como irmãos, formando a família de Deus que é a Igreja. Esta é a vocação cristã fundamental, que é válida para todos os cristãos indistintamente.
Não importa como você vai responder ao chamado de Jesus, o importante é ouvir e responder, pois todas as vocações bem vividas levam ao encontro do Mestre; é Ele que chama você porque quer tê-lo sempre por perto. E esse amor deve ser tão contagiante que deve levar outras pessoas a fazerem o mesmo que você. Por isso, meus irmãos e irmãs, sejam simples e verdadeiros, porque se a sua resposta for sincera, você vai contagiar outras pessoas que vão seguir o seu exemplo.
Na contemporaneidade, mais do que nunca, as pessoas precisam de referencial, identificar-se com algo que lhes afirme o sentido de sua existência. A missão dos cristãos leigos e leigas é justamente vivenciar o evangelho, levar a boa nova a todos, principalmente onde a Igreja institucional não alcança, onde os ministros ordenados não chegam e junto às pessoas que não passam perto dos templos.
Cabe aos cristãos leigos e leigas procurar responder aos anseios das pessoas que estão junto ao seu convívio, seja no ambiente do trabalho, no ambiente familiar, entre outros. É importante que deem seu testemunho aos que não conhecem a Palavra ou que foram batizados e agora estão desiludidos, famintos e sedentos de Deus e, às vezes, justamente por essa procura, caminham numa estrada confusa.
Os cristãos leigos e leigas têm a responsabilidade de anunciar o evangelho, fundamentado na vivência dos valores cristãos através do testemunho, respondendo às grandes interrogações e angústias do ser humano de hoje. Os cristãos leigos e leigas são a presença de Deus e da Igreja no coração do mundo.
Nesta celebração, de modo muito particular, vamos encerrar este mês de louvor a Deus pelas vocações cristãs, agradecendo, pelo dom da vocação dos e das catequistas. Eu não poderia deixar de citar o que sabiamente diz o Diretório Geral para a Catequese no número 231:
“A vocação do leigo à catequese tem origem no sacramento do Batismo e se fortalece pela Confirmação, sacramentos mediante os quais ele participa do ministério sacerdotal, profético e real de Cristo. Além da vocação comum ao apostolado, alguns leigos sentem-se chamados interiormente por Deus a assumirem a tarefa de catequistas. […] Este chamado pessoal de Jesus Cristo e a relação com ele são o verdadeiro motor da ação do catequista. É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra o desejo de anunciá-lo, de evangelizar, e de levar outros ao ‘sim’ da fé em Jesus Cristo”.
A prática da catequese na Igreja nos remete aos primeiros cristãos, que têm a sua origem no próprio Jesus, o primeiro e o maior catequista da história. Seguindo o Mestre, os catequistas são transmissores da Palavra de Deus com a própria vida, por isso, seu testemunho é fundamental.
Vocês são, por vocação e missão, os grandes educadores da fé na comunidade cristã. Ser catequista é ter consciência de ser chamado e enviado para educar e formar na fé. A ser, como disse o Papa Francisco, guardiões da memória de Deus num mundo do esquecimento do sagrado. Para realizar esta missão, Deus lhes confia um carisma, ou seja, um dom do alto, que torna seu portador apto a desempenhar determinadas atividades e serviços em vista da evangelização e da salvação.
Todo catequista tem um carisma e recebe este dom, que assume a forma do serviço da catequese na comunidade. É uma graça acolhida e reconhecida pela comunidade eclesial, que comporta estabilidade e responsabilidade. Porque ser catequista é uma vocação e uma missão.
Meus queridos irmãos e irmãs, hoje é dia de rezar por esses homens e mulheres que, apesar de todos os outros compromissos familiares e profissionais, com gratuidade se doam ao serviço da catequese. Devemos a eles muito do que somos e vivemos como cristãos, pois todos nós tivemos um dia um catequista, a começar de nossos próprios pais.
Ao mesmo tempo apoiemos e encorajemos os que na comunidade assumiram um serviço, um ministério. Vamos rezar para que continuem sendo abençoados por Deus e vivam com fé e amor a vocação e missão recebida. Tendo os catequistas como símbolo e referência, rezemos, também, por todos os que na comunidade e na sociedade assumem ministérios e serviços. Temos necessidade de muitos e santos evangelizadores.
A vocação é essencialmente eclesial e está destinada ao serviço e ao bem da comunidade. A Igreja, como assembleia dos vocacionados à santidade, tem o compromisso e o dever de preparar adequadamente, seus filhos e filhos, para que realizem, com fé, amor e eficácia, o projeto de evangelização.
Peçamos, neste dia, a graça de confessar nossa fé com a mesma coragem que Pedro confessou no Evangelho da liturgia de hoje: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”. Ele não diz “para onde iremos?”, mas “para quem iremos?”.
Tudo o que temos no mundo não sacia a nossa fome de infinito. Precisamos de Jesus, de estar com Ele, de alimentarmo-nos à sua mesa, com as suas palavras de vida eterna! Acreditar em Jesus significa torná-lo centro, o sentido da nossa vida. Unir-se a Ele, numa verdadeira relação de fé e de amor, é colocar-se sempre a caminho. Comungar o Senhor, é aceitar verdadeiramente Jesus. Com Ele a nossa vida torna-se semelhante à Sua. Optar por Ele, é optar pelo Amor, é ser útil aos outros e já saborear a felicidade da Sua Bondade.
Que Maria, a mãe Auxiliadora dos Cristãos proteja com seu manto a todos catequistas
Parabéns catequistas!
Com minha gratidão e humilde prece
Dom Roque Paloschi