Irmãos e Irmãs, eu vos anuncio uma grande alegria:
“Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2,11).
A Solenidade do Natal do Senhor nos recorda o acontecimento mais importante para a humanidade: celebramos o Mistério da encarnação do Filho de Deus, o Eterno que entra na nossa história humana e assume a nossa carne. Jesus que se faz um de nós, como o evangelista João nos recorda: “e a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Nascendo na carne, o Filho de Deus encontrou acolhida entre os animais, na pobreza de um estábulo, envolvido pelo amor de sua mãe, a Virgem Maria, de seu pai adotivo, São José, e dos simples pastores. Esta imagem me leva a pensar, de modo especial, nas inúmeras famílias que hoje não podem se reunir de forma alegre, porque lhes falta o pão material, ou mesmo um teto para abrigar seus filhos. Também aquelas famílias que sofrem pela perda de um ente querido, ou por estarem dilaceradas pela violência, pelos vícios, e tantos outros males que atingem as famílias.
Para elas peço a consolação de Deus, o dom da fé e da esperança. E para nós, a graça de que a luz divina do Natal ilumine as nossas consciências e nos dê coragem de lutar para que todas as pessoas possam viver dignamente; que não falte para nenhuma família o pão de cada dia e assim possam vivenciar o Natal como ocasião propícia para redescobrirem a família como berço de vida e de fé, lugar de amor acolhedor, de diálogo, perdão, alegria partilhada e fonte de paz para toda a humanidade.
“Um menino nasceu para nós” (Is 9,5), recorda-nos o profeta Isaías. Ele veio para nos salvar! Esta boa notícia precisa ser anunciada com nosso testemunho de fraternidade universal. Juntos e juntas renovemos nossa esperança e nossa fé Nele que é o Príncipe da Paz e que pode ajudar os responsáveis do país a deixar de lado os interesses particulares e empenhar-se com seriedade, honestidade e transparência para que o Brasil possa voltar a ser um país que garante a liberdade, o respeito à vida humana e a natureza e preza pela convivência pacífica.
Queridos irmãos e irmãs, não podemos deixar que os partidarismos nos impeçam de viver como a verdadeira família humana que somos. Nem podemos deixar que o vírus do ódio nos contamine, tornando-nos indiferentes ao sofrimento dos irmãos e irmãs e da nossa Casa Comum. Não! Resignar-se à violência e à injustiça significaria recusar a alegria e a esperança do Natal e nós não podemos negar que somos filhos e filhas do Deus Amor, irmãos e irmãs do Príncipe da Paz.
Portanto, nestes dias em que o clima do Natal convida os seres humanos a tornarem-se melhores e mais fraternos, peçamos ao Menino de Belém que nos ajude a sermos generosos e solidários, especialmente com os doentes, os desempregados e com as famílias que estão em graves dificuldades econômicas. Que possamos redescobrir os laços de fraternidade que nos unem como seres humanos, interligando-nos com tudo o que vive e respira. E que o Deus Menino, Rei da paz, faça calar as armas e surgir uma nova aurora de fraternidade no mundo inteiro.
Feliz e Santo Natal!