O Jubileu sempre representou na vida da Igreja um acontecimento de grande relevância espiritual, eclesial e social. E, chegado esse tempo de graça de nossa Arquidiocese, somos chamados a realizar uma preparação que permita ao nosso povo viver o Centenário como um Ano Santo em todo o seu significado pastoral.
Ao abrir a Porta Santa, queremos “celebrar o centenário da Igreja Particular de Porto Velho, resgatando o processo histórico e o engajamento de nossas comunidades” (Plano de Pastoral, nº129) para renovar, em todos os corações, o dom da esperança e da fé. Nesse intuito, o Tema: Testemunhar fé e vida na Amazônia; e o Lema: “Sede minhas testemunhas, até os confins da terra” (At 1,8) nos ajudarão a trilhar o caminho de forma sinodal, com os pés fincados na nossa realidade, as mãos estendidas para servir e cuidar e os olhos voltados para Deus, rumo a uma crescente fraternidade universal.
Celebrar um Jubileu que, na Tradição Bíblica significa um tempo de graça onde se restitui a cada um o acesso aos frutos da terra (Lv 25,6-7); que significa devolver a liberdade aos presos e a saúde aos doentes (Lc 18ss), exige de cada batizado o compromisso de não ser indiferente ao grito dos pobres, dos prisioneiros e dos doentes de hoje.
Celebrar um Jubileu, portanto, trata-se de dar alma e espírito ao nosso ser Igreja e ao nosso agir social, vivenciando plenamente a dimensão espiritual que este Ano Santo propõe. Esta última é um convite à conversão para que, sentindo-nos todos peregrinos na terra onde o Senhor nos colocou para a cultivar e guardar (Gn 2,15), não descuidemos, para que, ao longo do caminho, possamos contemplar a beleza da criação e cuidar da nossa Casa Comum.
Nesta perspectiva, a peregrinação rumo ao Jubileu reforça e exprime o caminho comum que a Igreja Particular de Porto Velho é chamada a empreender para ser, cada vez mais e melhor, sinal e instrumento de unidade na harmonia das diversidades.
Irmãos e Irmãs, ao caminharmos em direção ao nosso Jubileu, no ato simbólico de abrir a Porta Santa, lembremos que o Senhor nunca força a porta. Ele sempre pede a nossa permissão para entrar, como nos diz o livro do Apocalipse: “Eu estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abre a porta, eu virei a ele, cearei com ele e ele comigo” (3,20).
Neste sentido a Porta Santa é o símbolo de Jesus Cristo e de seu exclusivo papel mediador. E, a exemplo do Mestre, cada Pastoral, Ministério, Movimento, Organismo, Carisma; cada família de nossa Arquidiocese é convocada a abrir a porta ao Senhor que espera para entrar, levando sua benção e sua ternura.
Que este gesto simbólico de abrir a Porta Santa possa contagiar a todos para que também as portas das nossas igrejas, das nossas comunidades, das nossas paróquias, das nossas instituições, das nossas dioceses, das nossas casas e, principalmente, dos nossos corações possam estar abertas para Deus e para os irmãos e irmãs.
O Jubileu significa a grande porta da misericórdia de Deus, mas também as pequenas portas das nossas igrejas abertas para deixar o Senhor entrar e, também, para que Ele possa sair por meio de nossos gestos concretos de solidariedade e comunhão nestas terras amazônicas. Pois, como nos disse o Papa Francisco na encíclica o Rosto da Misericórdia: “Uma Igreja inospitaleira, assim como uma família fechada em si mesma mortifica o Evangelho e seca o mundo. Nada de portas blindadas na Igreja, nada! Tudo aberto!”.
É isto que queremos simbolizar e viver com o gesto de abrir a Porta Santa. Queremos dizer que também os nossos corações e nossas mãos estão abertas! É justamente assim que esta Igreja deseja ser reconhecida: como casa de Deus Pai, do Nosso Pai comum, de portas abertas, acolhendo a todos os seus filhos e filhas sem descriminação.
Não esqueçamos que o Jubileu abre um “tempo favorável” (2Cor 6,2) para a própria conversão, é um sinal de reconciliação. Por isso, este tempo santo pede para nos colocarmos a caminho, como Igreja em saída, para que, ajudados pelos sacramentos, pela oração, pela caridade, pela missão e pela peregrinação, trilhemos o caminho da reconciliação com Deus, com o próximo e com a Criação.
Lançando um olhar sobre estes 100 anos de existência de nossa Arquidiocese, sabemos que, como seres frágeis e debilitados que somos, temos muito pelo que pedir perdão ao Pai de Misericórdia. Mas, também temos muito pelo que agradecer.
Agradecer pelos bispos, padres, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, ministros, jovens, leigos e leigas e bem feitores dos inícios. Mas, também, a todos vocês que hoje continuam a ajudar a construir, física e espiritualmente, esta Igreja.
Que o Bom Deus, o Sagrado Coração de Jesus e a Mãe Santíssima, Nossa Senhora Auxiliadora, ajudem-nos a corresponder às exigências da nossa vocação universal de irmãos e irmãs. Impulsionem a nossa participação responsável. E nos ensinem a valorizarmos os carismas e ministérios que o Espírito Santo não cessa jamais de conceder para a construção desta Igreja.
Dom Roque Paloschi
Bispo da Igreja de Porto Velho-RO