Porto Velho, sábado, 23 de novembro de 2024

13/05/2023 . Palavra do Bispo

VI Domingo da Páscoa

14 de Maio de 2023

VI Domingo da Páscoa

Dia das Mães

“Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito” (Jo 14,15-21).

Irmãos e Irmãs,

Paz e Bem!

 

Estamos caminhando para o término do tempo Pascal. Faltam apenas 15 dias para terminar a cinquentena pascal e a Igreja já começa a nos preparar para a grande celebração de Pentecostes através das leituras que a Liturgia vem nos trazendo.

A primeira leitura tirada do livro dos Atos dos Apóstolos nos apresenta Filipe que é um dos sete diáconos, do mesmo grupo de Estêvão que foi apedrejado até a morte (At 6,1-7). Filipe sai de sua terra, Jerusalém, para anunciar o Evangelho aos habitantes da região da Samaria, considerada inimiga do povo judeu. E o que é mais surpreendente é que a leitura nos diz que, ao ouvir o anúncio de Filipe a cidade dos samaritanos “encheu-se de alegria”.

Esta ação evangelizadora que rompe fronteiras e supera ódios e rivalidades é obra do Espírito Santo, que é Espírito de unidade e de paz. Por isso, podemos tirar dessa leitura dois apelos de Deus para nós, hoje. Primeiro: é olhar para Filipe e nos deixar questionar pela sua coragem de se colocar em saída e vencer preconceitos para anunciar Jesus. Segundo: é compreender que só quando a comunidade rompe barreiras e preconceitos e aceita viver a sua fé na fraternidade universal, reunidos à volta do Pai e de Jesus, é que o Espírito se manifesta e atua em seu meio.

Na segunda leitura, como nos domingos anteriores, ouvimos mais uma passagem da primeira Carta de Pedro. Esta carta foi dirigida às comunidades cristãs formadas, em sua maioria, por pessoas das classes menos favorecidas que eram vulneráveis às perseguições. Por isso, o autor exorta os cristãos a estarem preparados para “dar razão de nossa esperança” a quem nos pedir. A carta tem o objetivo de animar os cristãos de ontem e de hoje a, mesmo quando confrontados com a hostilidade do mundo, permanecermos pacientes nos sofrimentos, confiantes nas tribulações, mantendo os olhos fixos em Jesus Cristo, único modelo de nossa fé.

E o Evangelho nos apresenta o capítulo 14 de João que faz parte da narrativa conhecida como o discurso de despedida de Jesus, no qual Ele revela que volta para o Pai, mas que não nos deixará sós no mundo: “não vos deixarei órfãos”. A palavra “órfão” utilizada é muito significativa, porque no Antigo Testamento o órfão representa o desvalido, o desamparado, o que é vítima de todas as injustiças. E, ao afirmar que não nos deixará órfãos, Jesus está afirmando que os seus discípulos não vão ficar indefesos, pois Ele vai estar sempre ao nosso lado.

Para permanecer conosco, Jesus promete que enviará o “Paráclito”. Palavra grega que, nesse contexto, pode ser traduzida por “advogado”, “auxiliar”, “defensor” ou “consolador”. Ou seja, o Espírito Paráclito é aquele que ajuda, defende e consola. Por meio do Espírito Santo, Jesus Cristo permanece em sua Igreja. No entanto, o evangelista nos diz que o Espírito de Deus não pode viver no mundo da injustiça, da opressão contra os pobres, da idolatria do dinheiro e do poder e das vaidades. Um mundo assim não pode receber o Espírito de Deus que é, por sua vez, amor, solidariedade, justiça, paz e fraternidade.

Dessa forma, o Evangelho nos mostra que uma comunidade cristã é uma comunidade onde se manifesta a comunhão com Jesus e a comunhão com todos os outros irmãos e irmãs que partilham a mesma fé. Que é na consciência de que fazemos parte de uma imensa família que caminha animada pela mesma fé, que se manifesta a vida do Espírito. Só assim a comunidade passa a ser a “morada de Deus” no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer à humanidade.

Por fim, mas não menos importante, não podemos deixar de falar em Maria. Ela é aquela que se deixou conduzir pelo Espírito Santo e hoje a Mãe de Deus nos ensina a ter um olhar inclusivo, que supera as tensões, guardando e meditando no coração a Palavra do Filho. É assim o olhar da Mãe de Deus; é assim o olhar das nossas mães. O olhar com que muitas mães abraçam as situações dos filhos. Um olhar cheio de amor e fé que não se deixa paralisar perante os problemas e continuam a inspirar esperança.

O amor de mãe é o que temos de mais próximo do amor de Deus por nós. Por isso, neste dia das Mães, quero lembrar a vocês, queridas mães, as palavras do Papa Francisco, que diz:

Temos necessidade de pessoas capazes de tecer fios de comunhão, que contrastem os numerosos fios de arame farpado das divisões. É isto que fazem as mães: sabem superar obstáculos e conflitos, sabem infundir a paz”. “O olhar materno é o caminho para renascer e crescer, porque as mães, as mulheres olham o mundo não para o explorar, mas para que tenha vida. As mães dão a vida e as mulheres guardam o mundo”.

Nesse dia das mães, voltemos nossas preces a Deus para pedir saúde, paz, respeito, dignidade e amor para todas as mães. Que Maria possa consolar os corações de todas as mães que sofrem como que em contínua dores de parto pelos seus filhos em guerra, desaparecidos, doentes, e tantos outros motivos. Dai-lhes, Mãe Maria, a certeza de sua presença consoladora, renova em cada uma a fé para que continuem sua missão de ser testemunhas do amor de Deus no mundo. Assim seja!

 

Dom Roque Paloschi

Bispo da Igreja que está em Porto Velho

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