“Quem come deste pão viverá eternamente” (Jo 6,51)
Porto Velho, 13 de julho de 2025
A todo o povo de Deus da Arquidiocese de Porto Velho, com alegria fraterna e profundo espírito de gratidão, dirigimo-nos a vocês para partilhar os frutos e renovar os compromissos de nossa caminhada de fé, por ocasião do encerramento do Congresso Eucarístico Arquidiocesano, ponto culminante das celebrações do primeiro centenário da Igreja Particular de Porto Velho.
O Congresso Eucarístico caminhou, foi celebrado, e vivido intensamente nestes últimos quatro ano através de um processo de preparação que contribuiu para a formação e animação de nossas comunidades e do Povo de Deus de nossa Igreja Particular. Foi um processo de participação a serviço da vida plena (Jo 10,10) para todos e todas que procurou encontrar saídas para que o Reino de Deus, anunciado por Jesus, e a Eucaristia seja uma realidade para cada homem e cada mulher deste chão amazônico.
Durante estes dias intensos de oração, reflexão e partilha, reunimo-nos como Povo Santo de Deus (LG 13) para celebrar a centralidade da Eucaristia em nossa vida e missão. O tema do Congresso – “Do céu para o Altar da Amazônia” – e о lema – “Quem come deste pão viverá eternamente” (Jo 6,51) – ajudam-nos a aprofundar a mística do Pão da Vida, que sustenta nossa esperança e fortalece nosso compromisso com o Reino de Deus, especialmente em terras amazônicas.
Neste caminhar juntos, recordamos com carinho o 12º Intereclesial das CEBS, realizado em nossa Igreja, com o tema: “Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”. Este evento profético ressoou com força, revelando a riqueza da biodiversidade e da mística do nosso povo, ao mesmo tempo em que denunciava as agressões à criação.
Com o coração agradecido e compromissados com a Casa Comum, voltamonos para o passado e recordamos, neste Congresso, os marcos de nossa Igreja local, desde sua criação em 1º de maio de 1925. Somos herdeiros e herdeiras de uma rica história de fé, evangelização e serviço, construída com o testemunho generoso de missionários e missionárias comprometidos com a Eucaristia, que doaram a vida pelo Evangelho. Louvamos a Deus pelas comunidades formadas, pelas vocações despertadas e pela presença viva da Igreja em todos os cantos de nosso território.
Ao longo deste século, vivemos transformações significativas no modo de ser Igreja à luz dos sinais dos tempos. Passamos de um modelo mais clerical e centralizado para uma Igreja cada vez mais participativa, ministerial e sinodal. Com alegria, reconhecemos o protagonismo dos leigos e leigas, a vitalidade das comunidades eclesiais e o florescimento de diversos ministérios que testemunham o Evangelho com fidelidade e criatividade.
A Igreja de Porto Velho tem um rosto amazônico: marcado pela diversidade cultural, pela presença dos povos originários, ribeirinhos, migrantes e pela íntima relação com a floresta e os rios. Somos chamados a evangelizar com profundo respeito as culturas locais e a sermos guardiões da Casa Comum. Iluminam-nos o Documento de Santarém (1972), o Documento de Aparecida (2007), a Exortação Apostólica Evangelium Gaudiuт (2013), оo Documento Final do Sínodo da Amazônia (2019) e a Exortação Apostólica Querida Amazônia (2020).
Somos Igreja viva, sinodal, comprometida e queremos colocar nossa experiência de Fé, sendo Igreja em saída que garanta a TODOS o direito de participar plenamente da Eucaristia e praticar a Caridade.
Inspirados pelo Papa Francisco, reafirmamos que a sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio (Discurso por ocasião do 50° do Sínodo dos Bispos): caminho de escuta, discernimento e missão compartilhada. O Sínodo da Amazônia e o atual processo sinodal universal nos impulsionam a sermos uma Igreja de comunhão, participação e missão. Queremos continuar caminhando juntos, ouvindo a voz do Espírito e os clamores do povo.
Durante a missa da Criação, celebrada em 9 de julho de 2025, o Papa Leão XIV recordou que: “A Eucaristia, que estamos celebrando, dá sentido e sustenta nosso trabalho. Como escreve o Papa Francisco, ‘a criação encontra sua maior elevação na Eucaristia’.”
O Centenário não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Com esperança
renovada, assumimos juntos os seguintes compromissos pastorais para este novo
tempo:
Expressamos nossa profunda gratidão a todos que, de diversas formas, contribuíram para a realização deste Congresso e das comemorações do Centenário: equipes de serviço, voluntários, catequistas, músicos, comunicadores, liturgistas, juventudes, lideranças e comunidades. Louvamos a Deus pelos frutos de fé, comunhão e esperança que brotaram destes dias santos.
Com a força do Espírito Santo e alimentados pela Palavra e pela Eucaristia, sigamos juntos como Igreja sinodal, ministerial e missionária, testemunhando o amor de Deus Trino na Amazônia.
Caminhar juntos, estar juntos, fazer juntos! Não tenhamos medo de continuar a caminhada sinodal sustentados pelo Pão Vivo descido do Céu.
Confiamos nosso caminho à intercessão de Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira da Arquidiocese e da cidade de Porto Velho, bem como aos nossos santos padroeiros. Que eles nos ajudem a permanecer fiéis ao Evangelho, sempre atentos às dores e esperanças do povo.
Esta carta começou a ser escrita à luz dos frutos dos simpósios, mas ainda estamos escrevendo juntos, com os passos da missão, com os gestos da partilha, com o ardor da escuta e com o amor que se faz serviço. Vamos seguir o caminho, pois o importante é “iniciar processos” (Discurso do Papa Francisco à Cúria Romana – Votos natalícios), na certeza de que o Espírito nos conduz!
Agradecemos a participação de todos, e reforçamos a importância da Eucaristia na vida cristā e convidamos todo Povo de Deus desta Igreja Particular a levarem a experiência do congresso para suas aldeias, comunidades e famílias, aprofundando a fé e a devoção a Jesus Sacramentado.
Em comunhão com todos os participantes do Congresso Eucarístico,
Dom Roque Paloschi
Arcebispo da Igreja presente em Porto Velho-RO