“Preparai o caminho do Senhor” (Is 40,3)
Queridos irmãos e irmãs.
Paz e Bem!
Iniciamos mais uma vez o tempo santo do Advento, este período tão precioso em que a Igreja nos chama a vigiar, esperar e preparar o coração para a vinda do Senhor.
O Advento é um tempo curto, mas cheio de profundidade espiritual. Ele nos convida a reacender a esperança, a reordenar a vida e a renovar nosso compromisso com o Evangelho.
Quero, antes de tudo, convidar cada comunidade, cada família e cada pessoa da nossa Arquidiocese a participar com alegria da Novena de Natal que a Igreja no propõe com tanto carinho.
A novena é um instrumento simples, mas muito fecundo, para que a Palavra de Deus visite nossas casas, nossas conversas, nossas angústias e nossas esperanças. Reunidos ao redor da Palavra, nós aprendemos a enxergar os sinais da presença de Deus no meio do nosso povo.
O Advento não é um tempo de correrias, mas de escuta.
Não é um tempo de excesso, mas de sobriedade.
Não é um tempo de distração, mas de esperança vigilante.
Por isso, peço a cada fiel que dedique um tempo especial à leitura orante das Escrituras, sobretudo das leituras propostas pela liturgia deste período.
Os textos de Isaías, os salmos de esperança, as narrativas da anunciação e da visitação nos ajudam a perceber que Deus age na história com delicadeza e força, com ternura e verdade.
É bonito preparar a casa, organizar a ceia, comprar o presente que será entregue com carinho. Mas não podemos nos esquecer do essencial: preparar o coração. Porque o Senhor que vem não procura casas iluminadas, mas vidas dispostas a acolher o seu amor.
Ele nasce no silêncio, na simplicidade e no coração daqueles que, como Maria, sabem dizer: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Por isso, irmãos e irmãs, quero propor quatro atitudes para vivermos bem este tempo:
Fazer silêncio. Acender a vela do advento. Rezar a novena com a família. Reencontrar, dentro de nós, o desejo de Deus.
Acolher quem sofre. Ajudar quem não tem ceia, quem não tem casa, quem não tem roupa, quem não tem voz. O amor concreto abre espaço para o Menino Deus nascer entre nós.
Deixar que a voz dos profetas, que as promessas de Deus e que o Evangelho moldem nossa vida. A Palavra é luz que guia nossos passos.
Não apenas em nossas orações e presépios, mas nos rostos feridos das crianças abandonadas, das que vivem nas ruas, das que sofrem violência, fome ou descaso.
O Advento nos convida a reconhecer em cada criança vulnerável o Menino de Belém, frágil, pobre, entregue aos cuidados de Maria e José. Quem acolhe uma criança abandonada acolhe o próprio Cristo.
A contemplação verdadeira nos abre os olhos, nos faz enxergar, nos move à compaixão e nos compromete com a defesa da vida. Como nos falou o Papa Francisco:
“A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (Evangelii Gaudium, nº 88).
Que este Advento seja um tempo de esperança ativa, de fé amadurecida e de conversão sincera.
Que possamos celebrar o Natal não como um costume, mas como encontro vivo com Aquele que vem para nos salvar.
Que Maria, mulher da esperança e da escuta, nos ajude a preparar o coração e a acolher o Menino Deus com a mesma simplicidade com que acolheu o anúncio do anjo.
A todos, desejo um santo e fecundo Advento.
Deus os abençoe e fortaleça em seu amor.
Dom Roque Paloschi
Arcebispo de Porto Velho