Porto Velho, quarta, 09 de outubro de 2024

14/04/2023 . Palavra do Bispo

Domingo da Misericórdia

 

2º DOMINGO DA PÁSCOA – Domingo da Divina Misericórdia

16 de Abril de 2023

 

Irmãos e Irmãs, Paz e Bem!

 

Estamos no Segundo Domingo da Páscoa, o Domingo da Divina Misericórdia, que foi instituído em 2000, o ano em que o Papa João Paulo II canonizou Santa Faustina. Mas, esse domingo não é dedicado à Divina Misericórdia apenas por causa das profundas experiências dessa Santa, mas, também, porque toda a liturgia desse tempo pascal nos convida a mergulhar na imensidão da misericórdia de Deus.

As leituras, o Salmo e o Evangelho nos apresentam uma comunidade de pessoas transfiguradas, que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus Cristo. A primeira leitura mostra os traços do que seria a comunidade ideal, nascida do Espírito Santo e do testemunho dos Apóstolos:

  1. Uma comunidade de irmãos e irmãs que vivem em comunhão fraterna;
  2. Uma comunidade que busca conhecer Jesus e pôr em prática os seus ensinamentos.
  3. Uma comunidade unida pela mesma fé, que rezam juntos e juntos partilham a ceia do Senhor;
  4. Uma comunidade solidária, onde todos partilham e não há necessitados, porque a comunhão com Cristo implica a renúncia a qualquer tipo de egoísmo e de fechamento em si mesmo;
  5. Uma comunidade de testemunhas da ressurreição! De pessoas transfiguradas pelo perdão, pela doação, pelo amor, pela misericórdia.

É isto que vemos logo no início da segunda leitura, tirada da primeira carta de São Pedro: “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe” (1Pd 1,3).

Essa Carta nos exorta a viver com alegria e a manter a fé, o amor e a esperança, sendo fiéis ao seguimento de Jesus, apesar das dificuldades, sofrimentos e perseguições que nos atingem. E, para isso, é preciso manter os olhos fixos em Cristo, o Irmão solidário em nossas dores, vencedor da morte. O autor nos recorda que pelo batismo, morremos com Cristo e com Ele renascemos. Por isso, aconteça o que acontecer, nossa esperança se mantém firme no Senhor da Vida.

E o Evangelho confirma essa verdade ao mostrar que no centro de toda e qualquer comunidade cristã está Jesus, vivo e ressuscitado, Príncipe da Paz. O Ressuscitado é o fundamento, é ao redor dele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições.

O Evangelho traz para nós Tomé que representa aqueles que não estão fora da comunidade porque não conseguem ver nela os sinais de vida nova que nela se manifestam. Tomé está fechados em si e que não faz caso do testemunho da comunidade, por isso, quer obter uma demonstração particular de Deus.

Meus irmãos e irmãs, todos os cristãos de todos os tempos podem fazer esta mesma experiência de Tomé. Todos nós sabemos que não é fácil viver em comunidade. Não é fácil construir uma comunidade fraterna, solidária, igualitária. Mas, os desafios não podem nos fazer esquecer de que este é um projeto de Deus e que por este projeto Jesus derramou seu sangue e entregou sua vida. É no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado.

Este é o nosso compromisso como seguidores de Jesus Cristo, o crucificado e ressuscitado: testemunhar, na vida da comunidade de fé, o amor, a partilha, o perdão, o serviço, para que a humanidade creia que Jesus está vivo e presente no meio de nós. E assim, todos juntos, possamos um dia proclamar com o salmista: “Daí graças ao Senhor, porque Ele é bom; eterna é a sua misericórdia” (Sl 117).

Peçamos ao Pai Misericordioso, ao Filho Redentor e ao Espírito de amor que nos ajudem na vivência da fé em nossas comunidades cristãs, para que elas possam ser o lugar onde todos possam verdadeiramente fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado.

 

Exame de consciência:

  • É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura Cristo, encontra-O em nós?
  • A minha comunidade cristã é uma comunidade de irmãos que vivem no amor, ou é um grupo de pessoas isoladas, em que cada um procura defender os seus interesses, mesmo que para isso tenha de magoar os outros?

Nós Te damos graças por este primeiro dia da semana, que se renova todos os oito dias depois da Páscoa de Jesus, e pelo Sopro do teu Espírito Santo, que renova as nossas comunidades na Eucaristia. Que a tua paz esteja sempre conosco. Sopra o teu Espírito, que Ele guie a nossa fé e que nós possamos confessar-Te: Meu Senhor e meu Deus.

 

 

 

Dom Roque Paloschi

Bispo da Igreja que está em Porto Velho

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