Porto Velho, sábado, 05 de outubro de 2024

07/06/2022 . Palavra do Bispo

Pentecostes – O espírito santo nos une em uma mesma comunidade de amor

Na festa de Pentecostes celebramos o Dom de Deus, o Espírito que dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer a nova criatura.

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos cristãos. É o Espírito Santo que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que as pessoas sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e se unir numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

O autor do livro dos Atos dos Apóstolos quer ajudar os cristãos desiludidos porque o Reino não chegava a redescobrir o seu papel e a tomar consciência do compromisso que assumiram, no dia do seu batismo. “Homens e mulheres de Porto Velho, porque ficais aqui, parados, olhando para o céu?”

O caminho de Pentecostes é o contrário da avenida da Torre de Babel, em Babel os homens escolheram o orgulho, a ambição, a vaidade, o preconceito, a divisão, a competição. Em Pentecostes é a construção de uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da acolhida, da solidariedade, da fraternidade, de respeito aos diferentes.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

A comunidade cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no que diz respeito à vivência do amor e da fraternidade: os partidos, as divisões, as contendas e rivalidades perturbavam a comunhão e constituíam um contratestemunho.

Para Paulo, o verdadeiro “carisma” é o que leva a confessar que “Jesus é o Senhor” não pode haver oposição entre Cristo e o Espírito e que é útil para o bem da comunidade.
Nós precisamos ter consciência de que, apesar da diversidade de dons espirituais, é o mesmo Espírito que atua em todos; que apesar da diversidade de funções, é Jesus que está presente em todos; no pluralismo de ações, é o mesmo Deus que age em todos. Não há, portanto, “cristãos de primeira” categoria e “cristãos de segunda” categoria.

A comunidade cristã a um “corpo” com muitos membros. Apesar da diversidade de membros e de funções, o “corpo” é um só. Em todos os membros circula a mesma vida, pois todos foram batizados num só Espírito e “beberam” um único Espírito.
O Espírito é Aquele que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”; dessa forma, Ele fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável pela unidade desses diversos membros que formam a comunidade.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.

O Evangelista João apresenta a situação da Comunidade, o anoitecer, as portas fechadas, o medo é o retrato de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil, desordenado e hostil, não sabe para onde caminhar.

Jesus aparece no meio deles e vão fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado e aos poucos vão redescobrindo o ponto de referência, vão apreendendo que a comunidade se constrói na comunhão, no serviço, na reconciliação. Percebem que a Comunidade cristã só existe se está centrada em Jesus ressuscitado.

Com a saudação da Paz vem a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança. Ao mostrar as mãos e o lado Jesus está evocando a sua entrega total na cruz, aonde derramou a última gota de sangue para nos salvar.

O soprar de Jesus sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila. Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer a nova criatura. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor de Jesus.
Jesus explicita qual a missão dos discípulos: a eliminação do pecado. Os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos as pessoas. Quem aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.

Sem o Espírito, a Igreja é uma organização, a missão é propaganda, a comunhão é um esforço. Disso o Papa Paulo VI a primeira e derradeira necessidade da Igreja é o Espírito Santo.

Por isso que hoje com toda a Igreja nós cantamos “Enviai o vosso Espírito, Senhor e da terra toda a face renovai.

Que o sopro de Jesus venha sobre a nossa Igreja para vencer o medo, a insegurança, as divisões, o preconceito

Que o sopro de Jesus venha sobre nós ministros ordenados, religiosos e religiosas para não nos contentarmos com a pastoral da manutenção, mas sermos uma Igreja em saída, samaritana, acolhedora, defensora da vida e empenhada no cuidado da casa comum.

Que o sopro de Jesus venha sobre nossas famílias, para viver com alegria, entusiasmo e paixão a fé.

Que o sopro de Jesus venha sobre a nossa juventude para que nossos jovens sejam sinais.

Que a força do Espírito venha sobre toda a nossa Igreja Particular de Porto Velho, para podermos celebrar com jubilo, harmonia, comunhão os caminhos do nosso centenário da sua criação. Que iluminados, consolados, fortalecidos, reunidos sejamos testemunhas na Ação Missionária que já estamos vivendo. Que o Espírito nos ajude a sempre sermos uma Igreja apaixonada pela Palavra e pela Eucaristia.

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